Caros leitores,
Naquela quarta-feira daquele ano um sol de rachar torrava a paciência até dos jumentos, era 2015. Saí do prédio do antigo Conselho Nacional dos Produtores de Cacau (que então e até hoje abriga a Receita Federal) arrepiado, assustado, amedrontado, abestalhado, atoleimado, atrapalhado, à toa, desassuntado… Perdi a pick-up! Não lembrava onde estacionara. Olhei para cima; mirei as belas formas do prédio; lembrei-me do dia que em que ali tomei posse como diretor-administrativo. Finalmente achei a pick-up; mirei novamente o prédio do CNPC e pensei alto “QUE DESGRAÇA FOI ESSA! Meu Deus; é pior do que imagino.”
Não foi por acaso; também não foi por falta de conhecimento; não foi por abandono ou por estado avançado de deterioração; foi deliberadamente e intencionalmente por ódio, é como numa guerra onde tudo e toda cultura do povo conquistado tem de ser destruída; velhos, nada sobrou, nadica de nada, nem o crucifixo na parede restou. A reforma para a instalação da Receita Federal no prédio do CNPC foi uma destruição; um crime contra a cultura e a memória da civilização do cacau! Aquele prédio era um museu com um riquíssimo acervo. …Assim aconteceu e ninguém sabe dar notícias de onde foram parar as obras de arte; triste. Entre tanto em obras de arte e cultura perdidas, e, entretanto algo mais grave logo aconteceria; repetindo o que já acontecera quando a CEPLAC queimou toda a roça de Chico Lima sem sequer inventariar as plantas (na revista Veja de junho de 2006, Timóteo explica que tudo foi por puro despeito, vingança; “Chico Lima era uma questão de honra para nós”), a área doada (sem consentimento, sem consulta pública, sem aval, sem ouvir o que os cacauicultores queriam) para a Universidade Federal pelo então secretário-geral Juvenal Maynart, dentro da roça do CEPEC, também não teve um trabalho de curadoria, de inventariar o material genético ali existente. Para a construção da UFSB simplesmente e disciplinadamente arrancaram todos os cacaueiros… talvez, o cacaueiro top de linha ali estivesse! Quem vai saber!? Se estivesse, perdeu-se! É essa desídia que incomoda. O site Bahia on line lista as aUtoridades presentes neste evento e não há nenhum representante da cacauicultura; envaidecido, Maynart filosofou barato “O Nilo encontrou o mar. Nós encontramos a UFSB”. É de rir! O Nilo filosófico além de não encontrar nada ainda levou de roldão todos os cacaueiros ali existentes… será que o saudoso gênio Paulo Alvim, justamente nesta área teria guardado algo surpreendente? Era um centro de pesquisa! Se guardou, perdeu-se. É decepcionante. São as misérias humanas que levaram a CEPLAC ao descarrilamento.
Nada é impossível, Deus deixou na natureza o caminho para qualquer dificuldade; duvida? O homem conseguiu domar a eletricidade estudando o peixe-elétrico; só! A laranja baía (de umbigo) é um híbrido criado pela natureza. Um caso concreto aconteceu com André Manz, brasileiro que descobriu uma cepa de uva quase extinta (Jampal), em Portugal; cultivou, reproduziu e ficou rico produzindo vinho… e aqui enfim cheguei onde quero: caros cacauicultores, o cacaueiro top, ou o mais resistente, ou o que tolera isso ou aquilo, pode estar em sua fazenda! Portanto muita atenção e muito cuidado, você pode jogar fora um bilhete de loteria premiado! Está cheio de charlatões rondando as roças, quem tem juízo que feche as porteiras. Até o deságio nos preços é uma pratica de charlatanismo, e, piorando as coisas caso você ache um cacaueiro magnífico, o que fazer!? Como testar e provar? A quem confiar? Note o que a CEPLAC fez, sequer homenageou quem descobriu os cacaueiros resistentes à vassoura-de-bruxa, nomeou-os por SJ 02; ou PS1319; ou FA 13; poxa velhos acho isso horrível, quanta falta de consideração; acho mesmo que é chegada a hora de acabar com isso, e, nós, cacauicultores passarmos a usar o nome dos descobridores, homenageando-os; temos de ter orgulho destes abnegados heróis. A cacauicultura mudou muito e para melhor, com o uso de bons clones mesmo roças de sequeiro produzem 200@ por hectare; com irrigação até as terras fracas produzem este patamar. As plantações a pleno sol são produtivas, muito produtivas; e exigem ou exigirão plantas adaptadas. A CEPLAC não tem essas plantas e não sabe onde conseguir… será que não está naquele cacaueiro que carrega mais que chuchuzeiro, esquecido no fundo da (sua) casa sede? Fiquem de olho! E tenham certeza de que tem um mundão de “pesquisadores” querendo achar este tesouro.
A antiga CEPLAC, a honrada, distribuiu na virada dos anos 1960 para 1970, além de muitos cacaueiros espécies, uma enormidade de híbridos muito bons. Em nossa fazenda no rio Pardo tinha uma quadra de 3.000 pés híbridos, plantados em 1969, que dava 120@ a cada corte; eram cacaueiros enormes. Todo esse material genético foi desenvolvido e distribuído com recursos da taxa de retenção, portanto, pertencem aos cacauicultores. E além de todo este material, é possível devido ao tempo, o acontecimento de mutações naturais! Pois é isso aí meu caro, quem avisa amigo é; antonce tenha carinho com seus cacaueiros, faça um trabalho de curadoria, preste atenção no comportamento de cada pé, e, como estamos vivendo um tempo fora da lei, sem lideranças, sem CEPLAC, sem empatia, procure guardar seu segredo até que seja possível patentear sua preciosidade. Em tempos obscuros o charlatanismo grassa; o que acabou não volta mais, portanto tenha calma para não trocar o ouro pelo ouro de tolo.
Coronel Xela.

Respostas de 2
Onde está o painel que ficava na entrada do CNPC, que salvo engano, é uma obra do artista itabunense Renat ?
Onde estará o painel que ficava na entrada do prédio do CNPC ? Salvo engano, uma obra do artista itabunense Renat. Há um tempo atrás, estive naquele prédio com Ton (Ewerton Almeida), este que já predisidio o CNPC, ficou encabulado, quando constatou o sumiço daquela linda e valiosa obra de arte. Contínua a pergunta ❓