Caros leitores,
Tecer comentário sobre a velhice é naturalmente antipático, ninguém quer ficar velho e ninguém quer dizer-se velho; só eu! Já estou nos estertores da juventude e ansiando este novo contexto, a famigerada velhice. Logo serei um novo velho … e assim, contente da vida vou preparando-me para esta nova desconhecida vida. O problemão é que tudo mudou e desta mudança tive de fazer uma profunda reflexão; desta reflexão sobraram duas alternativas: a primeira é ligar a tecla do “foda-se” e nada mais. A Segunda é aceitar-se, ligar o “eu quero” e partir para as delícias da nova vida velha, e acabou!
Olha que história, era 1992 (milênio passado!) e fui visitar um cliente amigo já idoso, estava enfermo. Pensei em levar um livro (livro é sempre um bom presente), mas no caminho resolvi comprar umas revistas e palavras cruzadas. Minha surpresa foi o tanto que o amigo me agradeceu; e acrescentou “agora vou ter assunto atual pra conversar com os netos.” Era um homem culto e vivido, eu sem querer, sem saber, tinha levado a atualização que ele precisava. Durante dois anos, semanalmente, levei revistas, até que Deus o chamou. Lembrei-me desta história numa inusitada situação que vi recentemente no atendimento na prefeitura, o atendente pediu ao atendido que imprimisse o documento de identidade para apresentar. Na réplica o atendido argumentou que o documento era digital, que estava no celular e que ele podia levar o celular até o colega. Não tive como não rir com a tréplica: “você leva o celular até pro banheiro e quer que eu pegue”. Contexto atualíssimo nos perrengues deste tempo, e, o muito que temos de aprender para conviver entre gerações; já pensou, chegar a casa de um véio e ficar mostrando coisas no celular, está errado! O tal do celular é imundo!
Eu preferi ligar a tecla do “eu quero” (na verdade sempre mantive ligada) e manter-me antenado, conectado as rápidas mudanças que acontecem todos os dias. Assunta que coisa até o blog teve de ser modernizado! Daí eu tive de começar a conviver com mais um, isso mesmo, MAIS UM mundo novo cheio de coisas e vocabulário próprio; é uma nova forma de exprimir. Para mim é, simploriamente, não existia em meu vocabulário. Tudo cheio de plug-ins, back-end, url, head e por aí a madeira bate no birro setenta e quem não aguentar, deita. E nesta profunda reflexão também internalizei que eu sou carente e precisado de beber o néctar do conhecimento; que eu preciso ter paciência para procurar este néctar. O meu dilema é: onde eu estava!?
Vivi tudo, vi tudo. Em 1988 comprei meu primeiro computador um 286 com a tela verde e impressora matricial, fiz um curso de operador da computação; aprendi …. tinha até um comando que tinha de ser dado para desligar, digitava: TP park. E tinha também o comando que acionava o descansador de tela, dá pra acreditar! Daí me perdi; vendo tudo e achando que estava bom aprender só um pouco, só o suficiente, tudo absorvido pela metade e tudo muito bem empurrado com a barriga; e um belo dia, do nada, em 2024, no projeto de modernização do blog, tudo travou! a casa caiu! Eu estava excluído do mundo digital! Pior ainda sequer eu conseguia conversar, pedir ajuda; é de lascar pode rir a vontade, eu falava “aquela meia rodinha lá em cima; bem lá em ciminha.” O “X2 e X2” eu nem usava, achava que era a expressão para potência e potência negativa (dessa até eu rio). Velho! Mas não sou só eu não, miséria da peste foi quando fui numa lan house pedir pra fazerem um texto com marca d’água, o “profissional” alegou não poder fazer, pois se trata de outro programa que não o Word…… e eu acreditei!! Quando descobri que está na mesma tela e basta abrir o Word Art fiquei profundamente triste, fosse outro teria depressão. Como acreditei numa pessoa que não sabia? Fui enganado. Eu estava antenado em 1988 e agora como estou!? Deu bug e a luz amarela das incompreensões acendeu; como eu viveria acreditando em quem não sabe? Dependendo inteiramente de desconhecidos analfabetos (que nem eu) digitais, e neste mundo que está e tende mais ainda para a total digitalização.
É um caso clássico para uns e outros passarem duas noites sem dormir, pra mim é pouco, vivo no meio do povo e com o povo bebo, sua sabedoria, suas vivências, e umas cervejinhas geladas pra deixar o espírito levinho. Ora, ora, claro, além do “eu quero” preciso do “onde?” Ora, ora, no próprio mundo digital! Sim! tem o professor Virtual. Milhares de professores, bons professores, com recursos para ensinar impensáveis quando eu fui estudante. Fundações oferecem cursos gratuitos e o melhor professor de matemática do mundo, disponibiliza aulas grátis. A internet inundou o mundo com tudo, inclusive com o conhecimento, a qualquer hora e a qualquer preço; aquela revista de palavras cruzadas que eu semanalmente presenteava meu saudoso amigo, hoje está a toda hora disponível é só clicar.
Daí que nesta nova vida velha eu quero aprender, e sentir a vida; veja só que prazeroso é, vivi tanto que meu saber ficou obsoleto, o tempo vivido escasseou meu conhecimento, mas com minha vivência vou, como um beija-flor, buscando na imensidão da internet a flor correta do saber. Nunca ligarei a tecla foda-se!
Alex.

Respostas de 8
Parabéns!
Muito bom, será meu professor.
Belo texto, fui levado para uma realidade nova!!!
Vamos seguindo meu velho, não deixando a caixola vazia de conhecimento, o mundo gira então acompanhemos seu movimento, atualizando as idéias com a ponta dos dedos e de olho na tela até o vislumbre de outra tecnologia , afinal camarão que dorme a onda leva…
Gostei da reflexão!
Nunca é tarde abrir-se ao aprendizado. O único medo é nunca mais pensarmos como antes e ter que mudarmos, pois a mente assimilou novos conhecimentos. Para aqueles que tem medo, agarrem-se ao não aprender!
Excelente reflexão amigo. Nos tempos do Botox, nada como rejuvenescer o espírito abrindo a mente para o novo aceitando a terceira idade …
Parabéns. Gosto da maneira como escreve . Abrs
Se duvidar, em 24 horas já estamos desatualizados.
Belo texo reflexivo.