Caros leitores,
E nós com as eleições? Depois de eleito, babau! O voto é de uma magia desconcertante -eu nunca deixei de votar-, na solidão da cabine exercemos a liberdade total: física, no ato de votar e, imaginária, escolhendo idéias e ideais. No desterro solitário da cabine eleitoral compreendemos quão livre somos, e quão livremente mandamos um recado para a sociedade: o que queremos! Simples, né; e é só isso.
Notem o que aconteceu na sociedade ultimamente; nada anormal! Toda sociedade civilizada deixada na essência de seus valores, se purifica, exclui os ruins e novamente floresce. Onde estão todos os que tinham a fórmula mágica da salvação? Onde estão todos os arautos? Onde estão os empregados públicos e seus mirabolantes projetos que só servem para assaltar os cofres do estado? Onde estão os guerreiros da miserabilidade? Onde estão as O.N.Gs que tudo sabem e nada fazem? Onde estão as universidades? Tudo acabou? Todos morreram? Não. não e não! só desistiram de nós. Não servimos mais para eles. O ato de fazer dinheiro usando a massa social -o povo-, ficou mais difícil, mais complexo, mais exigente, mais demais. Como massa ou clape, o povo perdeu muito da serventia; da servidão para os interesses (projetos pessoais e projetos políticos). Lembram de quantas vezes “o povo é desunido” você já ouviu? Impossível recordar, certamente muitas vezes. Ouviu isso por um motivo besta, simplista: o povo -inconscientemente?!- rejeita o projeto pessoal, individualista ou de política partidária; é a mal-assombrada voz da razão que das profundezas do inconsciente manda o recado. Então, que desunião é essa que: quando os arautos somem continuamos falando do preço da banana, do quiabo e rejeitando tanto a banana amassada como o quiabo duro; quando os mirabolantes projetos desaparecem e continuamos conversando sobre o aumento da produtividade; quando o governo vira bufa do cão e continuamos acreditando no estado, respeitando as leis; quando as universidades somem, calam -será possível! (não, é impossível) que nada de interessante, nada digno de nota aconteça nas universidades? – e continuamos curiosos, querendo saber cada vez mais; quando os políticos deterioram-se e continuamos acreditando na política. Eis e é a vida! Quando todos que sabiam muito, sabiam tudo, até mandar na vida alheia se foram, nós continuamos. Falamos da chuva e do tempo, do sol e do preço, das pragas e do lucro, da saúde e de quem morreu, do vizinho do vinho e de beltrano. A simples vida, a vida orgânica baseada nos valores testados e internalizados na sociedade, continua, ademais, eu nunca ouvi falar de alguém que quis criar um filho para ser ladrão.
Não é a vida do povo, não são os atos do povo; o que está errado é a matilha que ladra acompanhando o cortejo. O povo precisa de cães melhores. Assunta bem: eu conversava com o meu caseiro enquanto ele varria as flores do ipê caídas no chão e, assombração dos assombrados, ele me confidenciou que na próxima encarnação quer ser um cachorro “Tem uma vida boa! Dorme o dia todo, comida na hora certa, água fresca, até médico tem.” Não entrei no mérito, saí; o caseiro esqueceu o tanto de bronca que ganha para que os cães tenham água limpa, comida na hora e canil limpo, sem falar na fortuna que pago no comprimido (via oral) para matar as pulgas. Os cães só tem uma “vida boa” porquê eu proporciono isso. Fácil assim.
A vida continuará seja lá quem ganhar a eleição. Talvez um pouco melhor talvez um pouco pior, então, o melhor é votar ouvindo a voz da razão, e antes, fazer uma profunda reflexão. Ganhando ou perdendo alegre-se de uma coisa, coisa miúda e caríssima: a sua liberdade. Alegre-se muito! mesmo sorria, é muito bom ser livre. Não são todas as pessoas possuidoras dessa liberdade, da liberdade de poder votar em quem a razão mandar; muitos conhecidos, até amigos próximos, são desprovidos dessa dignidade. E é com dignidade que devemos falar de política, muita política; faz bem, purifica. Quem não gosta de política são os indignos; são os que querem convencer o povo com falsidades; são os que agora acorvadaram-se em seu discurso vazio, mesmo sumiram. Dá-se o nome de militância em pró de privilégios.
Caros leitores, qual o recado que você mandará à sociedade? se você é livre e possuidor de seu voto, livremente escolha. Votar é escolher a diretriz que todos nós seguiremos.
Fim.
Alex Terra.