Caros leitores,
Só cinco minutos de vida; a vida. Eis a vida. E onde há vida, tem de existir tudo.
Tem uns caras que de um nada faz a vida, vive, é inteligente. Imagine, divertir usando só três palavras bobas; é circense. A cena de Sérgio Malandro enchendo o saco de Eurico Miranda com o impagável “ráá, glu,glu, ié,ié” é hilária. O que você conversaria com o então candidato, Bolsonaro? Ele não teve dúvida, tacou o “ráá, glu,glu, ié,ié” divertiu todo mundo e correu para o abraço. É difícil gostar de Sérgio Malandro. Com muito, outros fazem mais ainda; Freddie Mercury encantou o mundo quando regeu um coral do tamanho de um Rock in Rio e em cinco minutos criou o que chamo de paradoxo de Mercury; vamos a ele: como tantas pessoas que mal falam o português, cantaram tão belamente em inglês! – tenho uma explicação e, logo, logo, escreverei sobre isso. Acho que peguei você numa exclamação; que bom! É assim mesmo a exclamação nos escapa; dos graúdos para os miúdos, é como um grito de dor. Com efeito, rimos, choramos, ficamos surpresos, exclamamos, tudo expressões da percepção e da vivência visual. E vou deixando isso para lá apesar de gostar muito desse assunto, afinal, a domingueira merece um escrever leve.
Foi uma princesa italiana (de Florença), Catarina de Médici, que, quando casou com Henrique II, levou o garfo, na forma como conhecemos hoje, para a França, com isso, popularizando. Com três pontas, tornava mais fácil enrolar o macarrão; ajudado por uma colher não sobra nenhum fio solto – a cena da dama e o vagabundo comendo macarrão, que fique só no filme; na vida é uma cena horrorosa. Quanto a matar a fome, é uma coisa medonha, eu, almoço; e converso, aprecio, tomo água fria, comemoro, repito o prato, experimento; levo mais de uma hora desfrutando os prazeres da mesa, mas, é engraçado, sempre a sobremesa, que sendo de sorvete tem de ser tomada rápida, é a parte mais gostosa. Eu tomo água, tomo sorvete e já tomei muita cerveja… “ãin” tem uns modernos que bebem água, e, bebendo cerveja fazem uso do supra-sumo da philosofia: quem toma, toma algo de alguém e como ninguém tomou a cerveja de ninguém, tomar está errado; é beber. Filosofia de boteco é uma desgraça e está aí, em cinco minutos, destrói a filosofia levando junto a civilidade, a gramática, o conceito da palavra, a visão de mundo e de quebra, mata a alma do peão.
Gosto dos meus cachorros, eu tenho uma, margarida, que ensinei a correr em cima do muro. Observando-os vejo beberem água; a vasilha está lá no lugar, eles chegam, baixam a boca e bebem. Cachorro não toma água. Observo uma criança; a água é dada à criança e ela bebe. Criança não consegue segurar um copo, a água tem de ser dada na boca; tão somente ela sorve. Não sendo uma criança e não querendo ser um cachorro, como eu poderia exprimir “beber água”: pego um copo, vou até o pote, encho com água, levo o copo até a boca e, finalmente, bebo. Olha o diabo do boteco o que é que faz! Olha a complicação na vida do peão, o que era fácil, ficou difícil. Botando essa philosofia para rodar, logo uma alma perdida questionará a trabalheira do cão que é beber água; haja cerveja no mundo. Não sendo cachorro e sendo criança crescida, basta tomar (mini Aurélio – pegar ou segurar em; empunhar) o copo e beber a água; ou tomar água. Só. Uma coisa que não funciona, de jeito nenhum em cinco minutos, é filosofia; invariavelmente, quem tenta essa proeza termina no canil.
Quer sentir o tempo gostoso, basta, ouvir Roberto Carlos cantando Amada Amante, enquanto dançamos de rosto colado. Tocando a mesma música é praxe mandar Roberto Carlos pra o inferno de dentro, se estivermos trocando o pneu do carro sob o sol do meio dia; é tempo ruim.
É tempo de chuva, tempo da sábia cantar, tempo de sentir a chuva cair; domingo chuvoso. Dia de fazer o que o tempo permitir, inclusive, lêr. Agradeço a vocês, caros leitores, que dedicaram cinco minutos de suas vidas, para lerem o que eu escrevi. A vida é boa e bela; podemos apreciar os momentos.
Fim.
Alex.