Mundo
Há tempo és nascido,
em gerúndio,
tal como o barulho das rosas
Meu coração impassível estronda neste oceano de mistério e encantos infindáveis
Minha alma relampeja crepitando centelhas neste céu de pétalas enrugadas
Beleza em meus olhos fugaz
Luz que se apaga
Escuridão que acende
Espírito que arde em floração
II
O tempo
não me dá sólida paz,
implacável, insensivelmente apaixonado
Paixão por amor, carne, ossos, almas e rosas
Amor por devorar-me
Consumista insaciável beligerante misantropo!
Paz!
é a guerra do nascimento,
sabes bem mulher,
imaginá-la devorada pelo filho caçador
tempo!
Riqueza é coragem:
Um poeta morto; vida imortal traz-me
Um pássaro celeste de penugem púrpura
sem voz; música canta
Canto cálido, sempiterno que troveja,
espelhando na face, clarões
equissonantes:
III
Do todo de Deus tu vens
Devo admitir a beleza do quinhão que
lhe cabe deste espólio!
Não me tornarei parte desse teu jogo
Desde que revoaste no coração do
espírito solitário da tua designa-criação,
eras uma pedra no meu semblante tabuleiro
Com suas tentativas de viagens à velocidade da luz perseguindo-me, eu o tenho em minhas mãos por eternos segundos
Encontrar-me?
Eu não te direi onde
Respire-me em música e permiti-lo-ei um trago
Afague-me gelado, imóvel e apontá-lo-ei o caminho
É assim que eu te tenho filho honroso,
abrigado nestas grades de seda
É assim que eu te crio filho honrado,
liberdade, ainda escravo?
Wallace Sertório.