Caros leitores,
Hoje, dia 28 de dezembro de 2018, é o dia dos Santos Inocentes. Também é o dia em que eu, o Coronel Xela, anuncio o ganhador do prêmio “Burralidade do Ano.” Não é fácil ganhar esse prêmio, é preciso muito afinco, muita dedicação; é preciso uma iluminação diabólica para conseguir vencer os concorrentes, suplantando todas as outras burrices.
Conversei bastante com Dom Basílio (sim, a cidade de Dom Basílio é uma homenagem), que não é Coronel, pertence a uma família tradicional de Coronéis da chapada diamantina. Seus irmãos, todos Coronéis, deixaram um grande legado e igrejas construídas nos vilarejos próximo das fazendas. Conversamos sobre a importância de ouvir a voz da razão, já pensou, se São José não desse importância à ordem “Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para matar” o menino Jesus seria um Santo Inocente. Que coisa, né. Uma das maiores relíquias da cristandade está na catedral de Santa Maria Maior, em Roma; esta catedral é uma das quatro grandes Basílicas de Roma e na decoração do teto da nave principal, está o primeiro ouro americano que chegou à Europa. Mas eu estava onde mesmo… ahh sim! A relíquia. Santa Helena, mãe do imperador romano Constantino, o Grande, foi quem descobriu as tábuas da manjedoura que serviu de berço para o menino Jesus; trouxe as tábuas para Roma e mandou construir a Catedral. Sou partidário da teoria de que foi esse o momento do início ao culto a Maria. Toda criança, além do colo, precisa de um berço, um bom berço. A pior desgraça é a doença da indolência; é incurável! A indolência é a raiz da burralidade. O remédio contra a indolência só pode ser dado na infância, chama-se: berço, muito berço.
Na aprazível varanda de sua casa, adornada com peles de onça, o Coronel João Gonçalves da Costa me recebeu muitas vezes; conversamos muito, muito café tomamos e muitos foram os conselhos. João Gonçalves é um Coronel português. Chegou ao Brasil já com a patente de Coronel… agora lascou!!!! Não existia o coronelismo em Portugal! Ué, como pode se foi na regência trina, em 1832, que o padre Feijó criou a guarda nacional. Entre 1815/16 o príncipe Maximiliano, em viagem pelo Brasil, passou pelo arraial da Conquista onde esteve com o capitão-mor Miranda, filho do Coronel João Gonçalves. Continuando sua viagem, após passar pela povoação de Poções, hospedou-se na fazenda do Coronel João Gonçalves da Costa. O príncipe Maximiliano trata o Coronel João Gonçalves por Coronel; não há duvidas, ele é Coronel; chegou de Portugal Coronel. Esse é o nó da história do coronelismo; não é difícil desatar.
Serei breve. A posse da terra só era dada a pessoas que preenchesse requisitos básicos, e eram muitos requisitos. Obediência e fidelidade ao Rei, dinheiro para comprar escravos, etc… Era parte das coisas burocráticas; tinham também as obrigações religiosas: construir igrejas, manter o padre, etc… E as obrigações sociais: providenciar professores, subsidiar a coesão social, manter a segurança, etc… Por tudo isso, era preciso ser Coronel e jurar com a mão na bíblia. Como!!!? Na idade média a Europa vivia em guerra e como forma de ajudar o Rei –eram muitos reinos- seus irmãos, príncipes, fundaram as ordens religiosas guerreiras; os cruzados! Além de doarem suas fortunas para a ordem guerreira, os príncipes partiam para a guerra e morriam guerreando; muitos tornaram-se Santos Guerreiros. Imensos mosteiros foram erguidos com o fim de formar homens, para combaterem até a morte. Na guerra para a expulsão dos mouros da península ibérica, as ordens guerreiras foram fundamentais, jamais os cristãos teriam vencido, sem o treinamento dos monges guerreiros. O mais sangrento e encarniçado combate, o primeiro combate, era lutado pelos monges príncipes, duques, condes, barões. Lutavam até a morte. Não existe na história nenhum relato de algum desses monges, ter sobrevivido ao ataque. Mesmo quando não possuíam cavalos, guerreavam com os cavaleiros mouros, a pé, usando pedrinhas redondas espalhadas no chão, para derrubar os cavalos. A patente de Coronel de João Gonçalves da Costa vem das ordens guerreiras; isso era normal e fazia parte do direito administrativo implantado, principalmente pelos jesuítas, no Brasil. Quando o padre Feijó, então ministro da justiça da regência trina, implanta a guarda nacional, tão somente ele estava dando luz perante as novas leis implementadas, a uma situação existente e reconhecida. Não está complicado não, complicado vai ficar agora: a figura do coronel ainda existe! Pode ser difícil de acreditar, mas, ainda existe. A Ordem da Cruz de Malta emite seu próprio passaporte e tem assento na O.N.U. Juridicamente é um país. Adoro falar de Coronéis e Coronelismo, é assunto que não acaba nunca; o povo Brasileiro deve muito aos Coronéis. É uma pena que tantos ditos professores desvirtuaram a história.
Bem, existem outros Coronéis pelo mundo, porém, no meu mundo e no meu Conselho Consultivo dos Coronéis, Coronel vivo, só eu. O prêmio Burralidade do Ano 2018 vai para o trabalho do IICA para a reestruturação da CEPLAC. O prêmio é uma pule do jogo do bicho, jogado o valor de R$ 2,00 na cabeça, com o número 0171. Corrida das 18:00 hs. Quem quiser fazer sua fézinha, aproveitando, ainda dá tempo.
Cordiais saudações,
Coronel Xela.