Caros leitores,
Pode? Sim, pode! Não fique surpreso fique indignado em saber que por todos esses anos você foi enganado. O riso é a última morada da indignação; ria, ao menos.
A função do diretor geral da CEPLAC é executiva, igualzinho ao nome do órgão: comissão executiva… Eis tudo; não é preciso mais nenhum esclarecimento. Junte agora o fato de ter orçamento próprio. Simpleszinho, no mundo do cacau brasileiro existe um Deus que tudo sabe e nada fez; é muito poder, é a decisão sobre a vida de todos os cacauicultores e, o melhor dos mundos, sem nenhuma fiscalização. Sem fiscalização tudo tende a desgraceira no caminho da feira e, vamos lá, o que pretende, o que quer, qual a intenção do grupo de ceplaqueanos e seus apoiadores que fizeram a proposta da reestruturação? Quer lêr comigo o segundo parágrafo da proposta, trata das (novas) atribuições do diretor geral:
Item IV “– aprovar o novo regimento interno do CEPLAC, a organização, a estrutura e o âmbito decisório de cada diretoria e sobre o funcionamento das suas superintendências;” (não estranhe o “do” o nome mudaria para Centro de excelência…) –tudo estaria na mão do diretor, todas as decisões, enfim um El Rey.
Item VI “–decidir, com orientação do conselho ORIENTATIVO, sobre a aplicação das verbas e receitas do FUNGECAU.” –notem a sutileza da vírgula após a palavra “decidir”; o diretor decide sozinho e leva ou não, dependendo de sua vontade, em consideração as orientações do conselho certamente formado por reis vindos do oriente, que aparecem em sonhos. Lembrando que o FUNGECAU seria abastecido com a venda e os rendimentos dos bens da CEPLAC.
Dos graúdos para os miúdos, querem é mais poder, mais verbas, mais centralização, menos trabalho; é a mesma desgraceira que está aí há trinta anos, tudo inviável. Alguém com o pensamento são, tem como imaginar que a insistência no erro leva ao acerto? Erra-se há trinta anos. Não existe uma política para a cacauicultura, a CEPLAC só produz política para a CEPLAC. Tornou-se um monstro sugando os cacauicultores.
Conheci Altamirando de Carvalho Filho, eu era criança… muito pequeno… lembro da fisionomia dele. Junto com outros notáveis de sua época, vislumbrou o perigo iminente do poder centralizado e criou o Conselho Consultivo dos produtores de Cacau, um contra peso imposto pela sociedade. É natural, o setor público precisa de pêias senão, legisla em causa própria, acaba como está. É uma parte da história da civilização do cacau que eu acho medonha, o fim melancólico do Conselho Consultivo, mas o interessante neste momento é o ato praticado. Mesmo com o fim da taxa de retenção em 1983 os repasses para o então Conselho Nacional dos Produtores de Cacau, continuaram – Ewerton Almeida, Mafuz, Orlantildes, Carilo, são testemunhas desse período. Após o crime terrorista da vassoura-de-bruxa e com um diretor geral alinhado com o novo pensamento em vigor na CEPLAC, o repasse da verba do CNPC foi interrompido – eu (diretor) e Wallace (presidente) somos testemunha desse tempo. E pode? Pode! É simples, basta uma assinatura; o diretor é executivo (executa, manda), pode tudo e é senhor do orçamento. Foi o começo do fim do CNPC, mas isso é outra história.
Quanto ao patrimônio da CEPLAC aplica-se a mesma regra, o diretor geral pode tudo! Quando, valha-me Deus, um ceplaqueano diz para procurar no SPU e que tudo é do SPU, equivale a mandar o indagador procurar mais o que fazer nas dependências do fundo no barzinho de minha comadre Chunda. Sabem como foi cedido o terreno para a UFSB? O diretor pegou uma folha em branco, escreveu o que bem quis e pronto! Foi cedido o terreno; tudo oficioso. Não passa na mais elementar vistoria técnica jurídica. As estações experimentais sofreram a mais absurda falta de caráter, incompetência e rasidão de pensamento em potencia elevada, simples: escreveram num papel qualquer até desses de embrulhar pão, que não queriam mais aquele bem. Enfiaram os bens goela abaixo do SPU, não como forma de fazer direito, mais para se isentar da acusação de desídia, incompetência, ingerência ou seja lá o nome que quiser dar, contudo, sempre com a anuência do diretor. Para proveito de quem, para quem e por quê? Tudo isso foi cedido ou abandonado e o tempo ainda dirá; sabido é que proveito político teve. Basta ao diretor geral, enxergar o trabalho e a proposta da Curadoria com bons olhos, isso já é suficiente; ele pode dar um justo fim aos bens e nesse sentido, os cacauicultores poderão usufruir dos frutos.
Pegou-me escrevendo esse texto, a notícia da nomeação do novo diretor geral. Que bom! A Curadoria do Patrimônio do Cacauicultor parabeniza. É um cacauicultor baiano. Tenho certeza que ele conhece a Curadoria e sabe dos propósitos, precisando, terei prazer em esclarecer qualquer dúvida. Desejo tanto o seu sucesso a ponto de desejar que a Curadoria padeça por inanição (falta de assunto). Vá em frente!! Sua chance é de ouro!
Caros, o escrito até agora não é conto é história, tudo isso aconteceu. A Curadoria será um fundo de aproximadamente um bilhão de dólares americanos, é muito dinheiro; é uma poupança deixada por nossos pais e avôs. A razão manda desvincular esse fundo da CEPLAC, sendo gerido por um conselho de cacauicultores; tudo transparente, de portas abertas e sempre considerando que a publicidade dos atos protege. Esse conselho terá –como de fato já tem- a participação de todos os cacauicultores, sem custo ou qualquer restrição, via internet (conselho virtual). Os pedidos, as vontades dos cacauicultores virarão encomendas inclusive de pesquisas; Mudas de cacau já produzindo não é impossível; há mais de 35 anos existem mudas de seringueira que são plantadas no campo com sete anos! Enquanto estavam no viveiro a terra produzia outra coisa e o mais importante, dava renda ao fazendeiro.
O perigo desse fundo, ficar atrelado a CEPLAC é real; tudo dependerá da vontade dos cacauicultores. No próximo artigo falarei do de fato destruidor efeito da falta de fiscalização da sociedade.
Cordiais saudações,
Coronel Xela.