Caros leitores,
Mas, afinal, quem de fato cansou? Eu não estou cansado de falar dos débitos dos cacauicultores; nem dos débitos impostos pelo plano propositalmente fracassado de combate a vassoura-de-bruxa; nem da introdução criminosa nas lavouras baianas da praga da vassoura-de-bruxa. Mas, quem cansou? Os cacauicultores endividados não estão cansados, avidamente procuram uma solução. Em suas conversas, com outros amigos cacauicultores, ou vizinhos de fazenda, a conversa sempre roda no tema do endividamento! Quem Cansou? O endividado cacauicultor não está cansado, não pode cansar, muitos, mesmo sem conseguir dormir não desistem, afinal, estão fora do sistema de crédito; sequer um sapato a crédito pode comprar. Mas, quem cansou? Fora do mercado de crédito e desamparado da lei, o cacauicultor vira um pária, um vagabundinho qualquer, um criminoso desqualificado, um estelionatário, um bárbaro escravagista merecedor de perder a propriedade de sua fazenda. Mas, e os que dizem que cansaram? Simples, estes cansados ditos líderes, aboletados, aferrados, recebendo gordíssimos salários, não servem para a cacauicultura; eles servem o cacauicultor! Oferecem a qualquer preço e de preferencia em belas bandejas de prata. Eis a questão. Essa é a questão! Não compreendendo, não podendo liderar o exigente e culto cacauicultor o melhor caminho é desqualificá-los, desprezá-los, silenciá-los, envergonhá-los, emparedá-los.
-A verdade. O que é isso? (Jo 18, 37-38)
Esta frase é o atestado de nascimento do pai de todos os direitos, o direito canônico. Qualquer ato, qualquer fato, qualquer lei, qualquer palavra, qualquer qualquer que não consiga passar no severo crivo do direito canônico invariavelmente vai para o lixo da história e, conhecer a verdade é um privilégio; até recente! Pilatos, ainda não conhecia a verdade e ao ouvir “Todo o homem que vive da verdade ouve a minha voz” ficou embaraçado e pensou ter diante de si um sonhador, que sem dúvida tinha doutrinas opostas as doutrinas, então, vigentes. Ainda embaraçado, transtornado, sem ter nenhuma argumentação que levasse a condenação, e decidido a cumprir sua obrigação anunciou-lhes sua resolução de libertar Jesus.
Esqueça o jornal, internet, rádio, tv, nada existia! O povo nada sabia, seguia sua rotina diária; nada, nadica de nada tem da influência do povo no julgamento de Jesus. Somente os próximos a Pilatos decidiram, sendo: os príncipes, os anciãos e o populacho. Neste momento decisivo, delicado, uma tenebrosa frase ecoou “Se o deixais em liberdade, não sois amigo de César, pois todo aquele que se faz rei conspira contra César” (Jo 19, 8-12) Pilatos desabou… Sentiu-se perturbadíssimo ao ouvir o nome de César; imediatamente esqueceu-se dos direitos da justiça e de sua dignidade; viu-se logo denunciado, deposto. A traição a César implicava em pena de morte. Os príncipes, os anciãos, junto com o populacho venceram e restava a Pilatos seguir até a “Gobata” e dar a sentença de acordo com as formalidades, condenando Jesus.
Caros, a história é a mesma. Pilatos condenou Jesus por falta de opção e para salvar a própria pele. A FAEB (Federação da Agricultura do Estado da Bahia) nada faz pela cacauicultura e serve (entrega) o cacauicultor pelos mesmos motivos! E é isso que cansa a eles. Como passar tanto tempo sem encontrar solução, sem encontrar caminho, perdido em tudo? Como conversar com qualquer interlocutor sobre dívidas sem ouvir o naturalmente: “Ué e a FAEB ainda não resolveu isso!” Como não estar cansado? Entra ano e sai ano e nada se resolve. Vai conversar com um político sem nada de novo para apresentar e ouve: “Ué tem 20 anos que a FAEB disse isso, ainda não resolveu?” Já pensou ter de responder: “Não, não tive capacidade de resolver” e o tempo passar, passar… Dizer ao cacauicultor o quê? “Olha, espera aí mais 30 anos. Eu não posso perder meu emprego. Vocês cacauicultores já estão lascados mesmos, vão aguentando aí.” Quantos cacauicultores foram a FAEB levar uma queixa, e como foram recebidos? Quantos foram ouvidos? Quantos tiveram atenção? Quantos tentaram levar uma informação e foram rechaçados? Era o tempo do monopólio da palavra, em nome da agropecuária só uma instituição podia falar; tudo protegido pela legislação sindical, só a FAEB tinha voz. Que, afastando-se do cacauicultor e aproximando-se das ONGs, simplesmente, enjoou de falar dos débitos, passou a achar besteira tratar deste caro assunto aos endividados cacauicultores. É um caso curioso, é como um casal em que o marido arranja uma amante; antonce tendo a titular descoberto a traição, o marido resolve resolver o problema com um suicídio coletivo. A titular do casamento, afobada, determinada, precipitada, resolvida, anestesiada pela surpresa mata-se primeiro! O marido olha para a amante e… Está tudo resolvido!!
A FAEB está tão intoxicada, tão intoxicada, mas tão intoxicada que apoiou até a mudança do nome da câmara setorial do cacau! Um caso único! Um caso para estudo. Como pode alguém compreender um caso deste, senão pela ótica da deliberada intenção de enfraquecimento da cacauicultura?
E a verdade. O que é isso? A verdade é que Pilatos sentiu vergonha da sentença que lhe extorquiram e decidiu protestar: “Estou inocente do sangue deste justo, vós respondereis por ele.” E lavou as mãos.
Verdadeiramente nem isso a FAEB pode fazer, perdeu a vergonha. Ali satanás opera.
Fim.