Diabo de Velhice!

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Foto by Rose. A vida expressa numa mão! Velha! Mas que diabo de velhice é essa!? Meus caros leitores eis minha mão, entupida de histórias e cheia de vida. Como não existe antônimo para a palavra "Vida" (simplesmente porque ela nunca termina), existe a velhice; filosoficamente a velhice é a melhor parte da vida. //Alex.//

Caros leitores,

          Diabo de velhice! Será a velhice um castigo? Hummm procurando na obra de São Thomás de Aquino nada achei pode ser que tenha, não achei; acho que ele não escreveu por ter morrido jovem. É fato não existe velhice na natureza, os animais morrem no máximo adultos e, nós humanos, quando conhecíamos só as leis naturais também morríamos cedo. E agora? Pra quê diabo ficarmos velho! Que castigo é esse? Uma porqueira! Que sentido tem o chilrear dum passarinho?  O grande Millôr Fernandes escreveu a síntese que mais gosto sobre a velhice “Quando um cara fica velho é pro resto da vida. E cada dia fica mais velho.” … velho! acredite; acredite mesmo sem querer acreditar ficamos velhos por uma imposição filosófica, e só! Mas afinal, você sabe em que época do ano os sabiás cantam?

          Nascemos absolutamente iguais, iguaizinhos; temos o mundo pela frente e um mundo de oportunidades. No dia do nascimento somos cem por cento, todos. É intrigante nascermos igualzinho um animal, sem tirar nem pôr, porém, com uma peculiar abstração filosófica dificílima de ser notada: A ALMA! Que não nasce junto com nós, também não está colada ao corpo, nem dentro; fica próxima nos olhando. É uma almazinha tênue, um quase nada. Deste quase nada de alma tomando conta de um quase nada de corpo, nasce a maior de todas as batalhas, a batalha da VIDA, travada solitariamente entre esses dois digladiadores: corpo e alma! Quem vencer dita a velhice.

          Li, da lavra do padre Antônio Vieira, uma excelente ilustração: a vida é como uma lamparina, o frágil vidro (o corpo) protege a frágil chama (a alma). Legal, mas e daí? Daí, dividiremos a vida em partes: tem o quase nada, o nada, a prova de admissão, o quase tudo, o tudo, e a velhice. É intrigante, muito intrigante a fase do quase nada; que vai do nascimento até os sete anos. Neste período podemos muito pouco e dependemos em tudo de outra abstração filosófica, o matrimônio; lembram a significação: duas vidas unidas, para dar vida a outras vidas. Verdadeiramente eu vou além neste conceito, digo que os casais tem o privilégio de brincar de Deus (e a eternidade para contemplar sua obra; boa ou má); são eles que proporcionam (dão tudo) à uma criança se formar em corpo e alma, daí, aos sete anos o bichinho criança pode se descobrir nas abstrações e ter consciência da alma. Eu lembro do dia que tomei consciência de minha alma, lembro em detalhes e sei o quão crucial é essa descoberta; neste dia único, marcante, sem volta, a velhice de todas as pessoas está preparada. Tenho muito a dizer sobre isso, mas, vamos adiante, vamos caminhar, vamos logo para a fase do “nada”.

          É o mais belo dos belos períodos da vida de onde vem as melhores recordações, onde descobrimos o mundo e a alma já aprendeu como defender o corpo, agora sim, tudo é infinito. Podemos subir no muro e pular, se o muro for muito alto a alma pedirá prudência e até incutirá o medo. Aos que foram criados próximo ao mar, por exemplo, a alma reconhecerá a pecém, os buracos, os canais de retorno da maré, assim levará o corpo exatamente para um lugar seguro, onde o prazer será pleno com o corpo se refrescando e a alma gozando da certeza. A simbiose perfeita da vida acontece; o corpo precisa saciar a sede? A alma sabe onde está a água limpa e fresca. Sente fome? A alma sabe qual fruta pode ser comida. Sente o vento frio? A alma manda sair do relento. É como uma preparação, tudo que aprendemos na fase do “quase nada” é posto à prova; inocentemente posto à prova. Descobrimos que precisamos esperar as frutas amadurecerem; descobrimos que precisamos fazer mira para acertar; que ou temos paciência para descascar uma fruta ou cortamos o dedo; que abrir um côco é penoso mas a água e a nata são gostosos. Todas essas experimentações são feitas e “nada” de mal acontece; a cada dia podemos fazer mais e mais complexas experimentações, o corpo cresce, fica forte, pede; a alma responde, abraça e permite… ou nega! Na primeira fase só aprendemos, agora, continuamos aprendendo com ajuda ou não, e fazemos muitas experimentações. O corpo saudável faz, a alma filosoficamente protege! Daí qualquer dia, um dia aleatório, a alma pede ao corpo que ouça o canto do sabiá, que note. E de novo a alma pede ao corpo que lave a bicicleta e guarde os brinquedos; que pacientemente engraxe os sapatos; que olhe para o céu e note se são nuvens de chuva; é interessantíssimo, estando numa fase tão rica em ingênuos prazeres corpóreos a alma pede para parar! Exige que nos concentremos em tarefas quotidianas, prazeres medidos, aprimoramentos cansativos. Se podemos tanto pra quê perder tempo se aprimorando? Porque precisamos do exercício da paciência e da persistência, vital para a próxima fase onde cairemos no desconhecido. E, triste notícia, aqui está traçado sua velhice… sem volta! A sentença da velhice é dada exatamente na “prova de admissão”!

         É a adolescência. A transloucada adolescência!!! Na época claro que eu não sabia, fui mais um incauto; todos são! Entretanto, hoje, gosto de chamar essa fase de “prova” onde a nota indica a qualidade da velhice. São dois anos no máximo, onde o corpo numa explosão em busca da perpetuação da espécie passa por um derramamento de hormônios; coisas da natureza. E agora? Você lembra do filme (gostei demais!) “O primeiro ano, do último ano, do resto de nossas vidas” pois é! E eis agora (quem não acreditar teve problemas na adolescência, o quase nada e o nada não o prepararam suficientemente) a única salvadora: a filosofia (que pirraça!). Deus e o diabo… e só! O tempo de ler “Reinações de Narizinho”, “O saci”, ganhou thauzinho agora o tempo é duro, meu caro. Tempo do diabo, quando o corpo pode ganhar tudo e todos os prazeres; depender só do corpo, amar o corpo, usar o corpo, gastar o corpo, contestar o corpo, matar a sede com água suja, a fome com comida suja; desgraça das desgraças, exilar a alma. Enfim, ter quantos filhos o corpo suportar. É uma delícia de vida, prazerosíssima; é sentir o prazer de viver sob só as regras da lei da natureza. E… pegar doenças, todas! E morrer triste; jovem e triste. Abro um parêntese alguém pode contestar com a questão: não existem remédios? Sim, hoje existem! O adolescente atual talvez morra de acidente, dificilmente de doenças; entretanto meu caro leitor, as marcas das doenças e os filhos ficam. Ademais com a alma exilada não há cura espiritual, os remédios para a psique serão tomados na velhice.  Note: a festa de 15 anos foi criada na Roma antiga, quando as moças eram apresentadas a sociedade para casar; os romanos só admitiam o sexo após a adolescência. A outra (Tempo de Deus) opção é, pirraça da peste, aceitar filosoficamente a existência da alma e das verdades reveladas, então, a alma começará a entrar no corpo e daí uma explosão de conhecimento e habilidades acontecerá. A embriaguez hormonal da adolescência dará destreza para manobras impensáveis com um peão; ou com um piano; ou numa bicicleta; ou na contemplação do céu; ou da natureza; ou… é a alma agindo! Sendo um adolescente incapaz de correr muito, a alma o desvia para a contemplação; ou para rebuscados entalhes em madeira; ou… . E a adolescência passa! Rápido! Quase ninguém nota! Entretanto foi nossa “prova de admissão”!!

      E lá vai uma má notícia: ninguém, ninguémzinho, ninguémzão, nem Zé ninguém, sai da adolescência incólume! E isso é uma condição da natureza para a humanidade; só. Tudo por causa da descoberta duma palavra que perseguirá todos pelo resto da vida: AMOR. Bem vindo à fase do “quase tudo”! Agora temos quase tudo, corpo formado, força física, talentos, formosura, conhecimento, compreensão, habilidades,  … e uma implacável perseguição da palavra amor! Temos quase tudo… . É de rir. Bem, nesta fase da vida um batalhão de humanos já ficou irremediavelmente fora do páreo e suas velhices comprometidas, nada ninguém pode fazer. É a fase mais difícil da VIDA há a perseguição do amor, e agora!? Lascou! Daí, onde está sua ALMA!? Velho, o amor é imaterial e você teve todo tempo de sua existência para descobrir-se na imaterialidade da alma; não existe chance de trocar, alugar ou comprar o amor… filosoficamente é um dom de Deus. Todos, invariavelmente todos! Nesta fase da vida, implacavelmente, desesperadamente, procuram o tal do AMOR. Paixão não é amor; sedução não é amor; sexo não é amor; sacrifício não é amor; falsidade não é amor; preocupação não é amor; medo e temor também não! É preciso uma chave filosófica para encontrar, quando nada, uma vereda e assim achar o amor! E aos vinte anos, sozinho, li e bebi a pura filosofia de Santa Terezinha “(diz Jesus) Não tenho precisão dos bodes de vosso rebanho, porque todas as feras das selvas me pertencem, os milhares de animais que vivem nos montes {também}. Conheço todas as aves das montanhas… Se {Ele, Jesus} tiver fome, NÃO SERÁ A TI QUE TE DIREI, porque minha é a terra e tudo que nela se contém. Serei, por acaso, obrigado a comer carne de touros e a beber sangue de cabritos?… (continua Jesus falando) IMOLAI A DEUS SACRIFÍCIOS DE LOUVOR E AÇÕES DE GRAÇAS”.  Trocando dos graúdos para os miúdos, humanamente e mundanamente é aquela sensação de quando nós batemos os olhos na pessoa certa. É interessantíssimo porque não há nenhum outro ato nem contato, é bater os olhos e o cupido flechar os corações! Dará certo!? Mundanamente e filosoficamente discernindo serão as escolhas feitas nas etapas anteriores da vida, quem dirá. Entretanto, nesta etapa da vida descobriremos outra palavra: Verdade. É que a implacável perseguição do amor nos conduziu à chicana do amor verdadeiro!!  eis a VIDA meu caro… e queira ou não, o tempo passará, a luta diária do corpo e da alma continuará, e o amor o perseguirá; não há solução você estará só e só você pode resolver este problema e os muitos outros. A notícia boa é que aos 27 anos esta fase acaba, foram muitos anos nela, deu tempo de compreender muita coisa (pra alguns, tudo), e enfim chegamos ao balzaquianismo (Honoré de Balzac foi quem definiu que a juventude acaba aos 27 anos). Agora você pode TUDO!

      Posso TUDO! Só não posso renegar meu passado… desgraçada vã filosofia; infeliz todos os filósofos! Posso criar uma nova filosofia, eu posso tudo. E na madrugada, atormentações vindas da implacável perseguição do amor, perguntará: valeu a pena? Achaste o amor verdadeiro? Bem, não tenhamos pressa teremos 33 anos até passar a fase do “tudo”; é muito tempo para fazer novas experimentações, ademais, Santo Agostinho ensinou: “Cuida de teu corpo como se fosse viver para sempre. Cuida de tua alma como se fosse morrer amanhã.” E nas atormentações da madrugada algum falso conselheiro acalentará o sono: Se eu tenho tudo posso ter a formula mágica do amor. Vou consertar os dentes, fazer plástica, implantar cabelos, ficar belo e ter o amor! …o amor verdadeiro virá em consequência, de lambuja. Legal, entretanto é uma chave falsa! Tão falso como o amor de um cão! E, cuidado! Você acreditando que o “amor” dum cão tem qualquer coisa de amor, já era meu caro, você foi atropelado pela pedra mó da VIDA, triturado, misturado com joio, ensacado, e vendido como ração para porcos; bye, bye. Amar a si e não ao próximo é materialismo; é impossível vislumbrar o amor partindo do materialismo, um cão “ama” seu dono pelas coisas que lhe é dada. O amor nutre-se de sacrifícios… e sim! São os sacrifícios feitos no início da vida (lá no quase nada, no nada e na prova de admissão) que nos fazem compreender e a não nos deixar afeiçoar com o modo material de exercer o amor, afinal, quanto mais a alma se nega às exigências da natureza, mais robusta se torna a ternura. Mas, é possível filosoficamente (cara chato!), mundanamente, materializar essa tal de ternura? A resposta está lá na fase do quase nada (quando estamos dependentes do matrimônio), na mesa, no almoço, quando a galinha é servida; é uma galinha para todos, com efeito, é a sabedoria dos pais que entalhará a alma. E agora que podemos tudo, podemos comer o pedaço preferido de alguém (sabendo que é o preferido) e pronto; sem questionamento; agimos como na natureza. Também podemos sacrificar muito a vontade, e padecendo, até dizendo “vou deixar pra você, viu” abrir mão da gulodice (isto é falsear com o zelo e abrir brecha para pieguices da alma). Agora quando a alma é corretamente trabalhada, deixamos com ternura o pedaço preferido por alguém; muitas vezes só por saber nem procuramos e até passamos a gostar de outro pedaço; até quando comemos por um acaso, associamos o pedaço, geralmente com um comentário, aquela pessoa. A alma está leve e foi o sacrifício do passado que a deixou assim! O amor deixou-me maior e melhor, já não preciso só para eu posso dar e compartilhar com alguém. E então, podendo tudo, tendo tudo, sabendo tudo e com muito tempo chegamos às portas dos 60 anos… velhos, daí, aparece uma palavra: tempo! Assim mesmo com exclamação. Só quem morreu não dirá o tempo passou e foi ele que levou. Conhecestes o amor; legal. Conhecestes a verdade; legal. Não tenho nada com isso, eu sou o TEMPO! E chegando ao sessentão você sabe se quem canta é a sabiá ou o sabiá? Ou não teve tempo de saber e agora ouve o tempo gritando e finge ouvir o que nunca teve interesse. Tem também a dona madrugada e seus incontáveis falsos conselheiros a dizer: você está tão novo! E claro que pouco antes dos sessenta ninguém está velho, só gastado. O tempo gastou impiedosamente o corpo, e nesta hora mostra-se pela primeira vez o paradoxo filosófico do canto do sabiá… o corpo envelhece e a mente fica jovem. Nos gracejos da filosofia popular, a materialidade é exprimida como “a bunda murcha e as pernas afinam.” Agora não tem pra onde correr, para a medicina, na lei, na filosofia, na filosofia popular, no raio que o parta, aos 60 anos todos estão VELHOS. Velhos e com o corpo gastado!

      E antonce passaram-se oito meses até que eu conseguisse imaginar uma figura para materializar a velhice; é difícil escrever, acreditem. Entretanto primeiro convido-lhes para olhar a velhice, olhar com olhos humanos, olhar o que vemos, do tipo: se olho, vejo, se vejo reparo. Assunte bem, o pintor Claude Lorrain tinha uma técnica para pintura que eu gosto muito, ele usa a luz do amanhecer em toda sua intensidade, desta forma, mesmo em paisagens onde aparecem paredes descascadas, gastas, corroídas, elas não parecem assim; aparecem com vida! Aparecem como se as escaras fossem propositadamente e delicadamente botadas, como se fossem feitas ontem. Até mesmo há quem compare com incrustações de pedras preciosas. Claude Lorrain consegue através da luz e da arte (Olha a filosofia aí, gente!), dar beleza ao velho e gasto. Quando penso nos seus quadros associo a intensidade de luz que consegui trazer em minha vida até aqui, e quanto desta luz levarei até meu último dia. E num dia qualquer no alvorecer de minha velhice, vejo-me a beira de um lago, mal consigo ver o lago tal a bruma, só nuances; a luz do dia intensifica-se, a bruma vai vagarosamente dissipando e reparo melhor. Vejo-me no lago e sou um majestoso cisne, sim um cisne! Flutuando leve, gostando da água, sentindo-se superior e belo, olhando de cima e vendo-me no espelho d’agua. Quem olhar para “eu cisne” poderá imaginar uma vida bela na plenitude da velhice, e não estará errado são o que os olhos veem. Porém só a alma enxerga as poderosas patas que estão abaixo da linha d’água! Toda a majestade do cisne não é nada sem suas poderosas nadadeiras, e pronto a velhice está materializada. Vi muito vivi muito; perdi amigos aos borbotões e o pior foi os que perdi porque desistiram de viver, mataram-se na vida fácil, nas drogas, na falta de alegrias, na materialidade pura e simples, deram xabú na  vida, viraram zumbis e vagam sem eira nem beira. Outro tanto, bem menos, agora também é cisne e cada um saberá o quanto de esforço é preciso por nas nadadeiras, para impulsionar o enorme corpo. Como quase ninguém notará as nadadeiras não tem como não lembrar-me da magnífica obra de Oscar Wilde “O Retrato de Dorian Grey” (eu recomendo a leitura, é vital!). Neste livro Dorian Grey não envelhece nunca, também os amigos e criados só o veem jovem, quem envelhece é o quadro que está escondido no sótão, mas o quadro tem uma peculiaridade, todas as vezes que Dorian olha, nota o acentuamento nos olhos da expressão de cinismo e na boca a ruga serpeada do hipócrita! Dorian Grey era um “eu cisne” e não deixaria nunca de ser, era belo e jovem e assim resolveu ficar; pensou em começar uma nova vida sem ter de olhar sua alma naquele horroroso quadro, pra que ele queria alma!? A filosofia da existência da alma só trazia tormentos, e resolveu matar o quadro. Pegou a faca e enfiou no quadro. O último paragrafo do livro narra: “Ao entrarem, encontraram, pendurado na parede, um retrato esplêndido: o patrão, tal como estava na última vez em que viram, era todo a maravilha daquela juventude e beleza singulares. No chão, deitado, de fraque, um homem morto, com uma faca no coração. Encarquilhado, enrugado, horrendo de fisionomia. Depois de examinarem-lhe os anéis, só então, reconheceram-no” (esta ultima frase é um desprezo só, todo o horror da materialidade!). E assim termina a velhice de quase todos os que conseguem ser cisne, não tem jeito o corpo envelhece e a mente fica jovem! Neste paradoxo não basta olharmos ou deixar-nos olhar, como Dorian Grey tanto almejou, tudo dependerá de como a nossa, de cada um, luz filosófica nos ilumina. De nada adianta deixar ser iluminado ou procurar luz alheia, é preciso e necessário emitir luz e posicionar-se exatamente no melhor ângulo próprio.

      Entretanto, alguns, muito poucos, ao longo da vida, tocados pelo divino, filosoficamente vão fazendo concessões ora ao corpo, ora a alma, e aceitando o conceito do tempo; do implacável tempo! Aceitam mansamente a inversão da juventude quando o corpo pedia e a alma negava; agora é a alma que pede e o corpo nega! Que coisa intrigante, a alma leve e serelepe pede vigor e vivacidade de um corpo alquebrado. Toda a imposição filosófica nasce agora, na velhice. Temos um corpo alquebrado e uma alma jovem… então pra quê viver tanto sem sentido! Vivemos para descobrir que somos feitos de corpo e alma e na velhice a vida plena mora na alma e cada vez mais na alma, por isso ficamos cada vez mais velhos. É quando não teremos mais prazer em jogar futebol, coisa que agrada ao corpo, o prazer esta em ouvir o canto do sabiá.

      Dos pouquíssimos que tornaram-se “eu cisne”; dos pouquíssimos que tomaram consciência das nadadeiras (alma); de tudo, de todos, de todos os perrengues, ainda há, antes da morte, o vestibular da velhice! E responder quanto do canto do sabiá você aprendeu. Você tornou-se capaz de continuar travando a batalha da vida! Filosoficamente não vivemos para desistir, se assim fosse o suicídio estaria explicado. Mesmo na extrema velhice a alma está jovem, com efeito, os pouquíssimos que aqui chegaram não podem e não devem abrir mão da vida espiritual. As decisões precisam continuar a serem tomadas; como viver, o que comer, que livro ler, quais prazeres mais agradam. Quando um velho deixa pra alguém (tipo um filho) tomar decisões por ele, simplesmente ele está morrendo espiritualmente. A geração prateada nada mais é que pessoas decididas a continuar tomando decisões; espiritualmente ativas. A velhice amarga é fruto da pobreza espiritual, pessoas que viveram tanto e nada aprenderam, nada serviram ao próximo, muitas vezes até pelos filhos nada, nadica de nada fizeram! Filosoficamente vivendo e vivendo filosoficamente, a velhice se paga com filosofia!! Não acredita!? Trata-se do BOM CONSELHO. Isso mesmo!! O bom conselho. Uma vida virtuosa conduz invariavelmente ao bom conselho, que é a riqueza do velho. Não é à tôa que muitos procuram conselheiros,  até são capazes de atravessar um deserto só para conseguir essa preciosidade; conselho bom acalma a alma e conserva o corpo. A figura do conselheiro existe em todas as culturas e em todos os estágios culturais. Eu tive uma avó que mesmo padecendo a velhice numa cama nunca reclamou e dava virtuosos conselhos; era cartomante e por isso era muito procurada por pessoas necessitadas e pobres espiritualmente; veja que coisa! Note que vida! Quanta luz filosófica!

      Quanto a este escritor (sim escritor!) que vos fala, curtirei minha velhice contando mentiras, escrevendo casos; e cheio de luz, filosoficamente culto, espiritualmente rico, milionário em vida interior, num alvorecer qualquer, com o coração cheio de alegrias das obras bem feitas e acabadas, enfim, seguro na mão de Nossa Senhora do Bom Conselho, vou contemplar a face do Deus criador e partir para sentar-me eternamente ao seu lado direito.

                 Com dedicação aos velhos leitores, Xela.

Por:

Respostas de 3

  1. Bah meu caro ,é longa como a vida pensei ser.uma crônica mas é um livro ! Será o.livro de cabeceira ?
    O TEMA É TRI IMPORTANTE !
    Sabes Guerreiro de sangue rebela aprecio os teus dizeres e digo é repito
    PARABENS PELA INICIATIVA….
    ( faço uma revelação : os pontinhos é herança familiar, serve para deixar o.leitor livre de dar asas à sua imaginação para os entretanto da liberdade de pensar ,de sonhar como fazia Manuela Ferrreira minha antepassado, cujos últimos diários q começaram a ser escritos em 1835 e se enceraram em 1904 , de boa leitura e forte inspiração…)

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