Caros leitores,
É inegável que estamos vivendo uma época chata, sem graça e sem alegrias; sem histórias também! Tempo chato só cria prosas chatas, até as piadas ficam difíceis de rir. Achar uma pessoa para uma conversa agradável ficou raro, tudo é problema, tudo é discriminação, tudo está ruim. Fico pensando em como chegamos a essa situação, não era assim; será a falta de Deus nos corações? Talvez o excesso de sabedorias bestas seja a opção mais correta. Até a Coluna Social (eu gostava tanto!) ficou chata; sigo no Instagran Renata e Chiquinho Scarpa, vejo o quanto tudo mudou na “bela vida”, hoje ninguém apronta, ninguém dá memoráveis festas nem amanhece o dia no Gallery1 ; e não é por falta de boas boates, elas existem, mas falta “clima”, “pegação”, prosa descontraída, amigos sendo amigos, simplesmente emburrecemos!
As colunas sociais dizem muito de uma sociedade, afinal quem está feliz festeja; foi July2 que primeiro descobriu que a nova elite política baiana não dava coluna social, suas festas tinham mais coisas a esconder que a mostrar, só chatices! Não dá pra escrever fantasias reais para a plebe rude partindo de vidas falsas, a plebe sabe que playboy nasce playboy; sempre foi assim! É interessante notar a essência dos chatos, estes decaídos logo vociferam que o jornalismo social é o reino das futilidades e deve ser combatido, o povo deve viver o mundo real. Concordo apresentando muita realidade; até no guardanapo! Assunta que coisa interessante e como tudo acontece em círculos concêntricos, no mundinho deste escritor que agora vos escreve, nas festas, os salgados (todos triviais) são servidos junto com guardanapos de papel e todo mundo pega dois, uma para pegar o salgado e outro para limpar a boca. Depois amassa tudo e vai ficando uma montanha de lixo na mesa; é uma cena dantesca. Está tudo errado! e quando um plebeu deste círculo, por mil motivos, até ganhar uma eleição, chega ao mundo requintado o que faz com o delicado guardanapo de linho? Sim, usa para pegar o canapé e depois lhe fica queimando nas mãos! Pior, é comum achar vários no lixo. Então não há nada melhor que assistir o elegante Ronnie Von ensinar que se pega o salgadinho com a mão, depois usa o guardanapo para limpar a mão. Pois é e é possível a chiqueza ser simplória, Fátima Scarpa (adoro assistir suas dicas) ensina que para comer alcachofra se usa as mãos e não talheres. Essa é a materialidade dos fatos e ensinamentos que a plebe rude procura nas fantasias do jornalismo social, afinal, hoje, qualquer um pode ganhar uma viagem para Mônaco, onde no cassino só pode entrar de gravata borboleta. Um caso pitoresco foi o de uma conhecida atriz brasileira que tentou entrar no chiquérrimo restaurante em Miami, com uma novíssima calça toda rasgada, na moda, e claro, foi barrada! São essas atrizes que tornam a vida atual chata.
A raiz da chatice como cultura, como modo de vida, está na decisão de querer que todos vivam fora da sociedade e contra a sociedade; contra os costumes, os hábitos, as civilizações; não tem como dar certo.
O livro “A Moreninha” é uma crônica acontecida em 1844, os chatos contemporâneos classificam como Romance; não é. Trata-se do início do modernismo e a linguagem é de crônica/novela. Este livro é perfeito para visualizar o funcionamento da sociedade no dia a dia, os intermináveis brindes, os calorosos elogios, as angústias dos jovens, até mitos e historinhas pra boi dormir. Foi um sucesso em sua época e Joaquim Manoel de Macedo se tornou deputado e preceptor dos filhos da Princesa Isabel, ou seja, seu livro é verdadeiro e coerente com a sociedade da época. Hoje quem for passear pelos podcasts de literatura o que mais se encontra são teses elogiosas aos autores russos, li quase todos; não gostei de nenhum devido justamente a falta de fantasia poética nos escritos, tudo é muito falsamente real.
Bem, preciso dar um nome e uma cara para tão vexatória situação, afinal porque estamos nos sentido acabrunhados? É a tirania da geração woke; como dizia o genial Nelson Rodrigues “os imbecis governarão o mundo, não porque são melhores, mas porque são muitos”. Os woke por não entenderem a piada, censuram; por não entenderem de jornalismo, fazem jornalismo “mundo cão”; para consertar uma foda mal dada, abortam; por não conseguirem ver a realidade fantasiosa de Giovanni Verga em Os Malavoglia, queimam o livro; incapazes de lerem A Divina Comédia, não compreendem o pecado; tudo passa a ser bullying e a infelicidade reina com tanta artificialidade; com efeito ao verem alguém alegre, limpo, de bem com a vida, educado, cheio de vida espiritual e religiosa, criam todo tipo de obstáculo para impedir a felicidade, e até lhe roubar a vida. O antidoto para o wokismo está no pirandellismo3 que ensina: não se pode julgar o mundo {de um artista} aplicando um critério de juízo tirado de outro lugar que não seja este mundo mesmo. Por mim os woke padecerão em vida até secarem de maldades; continuarei alegre, conversando muito e brindando durante o almoço, comemorando a vida no final da tarde com um parceiro qualquer num boteco qualquer, e desejando, torcendo muito, para que muitos outros também não se curvem para a desgraceira woke. O bem viver, a felicidade, a alegria, mata a inveja e os invejosos!
1- Famosa boate na rua Haddok lobo, em São Paulo.
2- Jornalista e colunista social no Jornal A Tarde.
3- Expressão criada pelo crítico literário Adriano Tilgher, e fala da relação vida-forma na obra de Luigi Pirandello.
Coronel Xela.
Respostas de 3
O politicamente correto é a educação que deixou de existir nas famílias, então fez-se necessário criar um protocolo para as pessoas não agredirem e não sentirem-se ofendidos. O ego desapereceu, as personalidades são completamente absorvidas pelo senso comum da sociedade. Está é a agenda woke.
Foi um exímio retratista no texto.
Tambem me pergunto como chegamos no contexto atual..
Bom dia Coronel
Saudações
Agora no domingo estou apreciando seu comentário
Da parte religiosa a profecia salienta que o excesso de pecados levaria a falta do amor e e verdade o que esta acontecendo
Lembra da nossa infância como crianças no banco de trás do corcel encontrávamos frases criativas no para-choque do caminhão e a revista quatro rodas dedicava a sua ultima pagina para eleger as três melhores mensagens do mês parabenizando o romantismo dos caminhoneiros
Infelizmente a ética, a cultura, o amor estão entrando em extinçao