Caros leitores,
Pôôôôô velhos, eu avisei! Tanto que avisei e ninguém quis dar atenção, daí, pois é né, aconteceu! Mas aconteceu o quê!? Quê!? Quem!? Donde!? Será Possível!? E agora!? Agorinha a viola foi para o saco; quebrou o candeeiro; molhou os fósforos; caparam o gato; quê gato!?
Parará ti bum, parará ti bum, parará ti bum, bum bum, o dono das mulas chegou! Chegou cantarolando, feliz com sua aquisição; e finalmente mandando firme forte alto em bom som e tom, sem mais precisar de seus adestrados ideologicamente mulas. Triste fim, tsc,tsc,tsc… E assim tudo virou história na vida do cacauicultor, só história. Nenhum cacauicultor, nenhum mesmo, poderá fazer absolutamente mais nada; aliás, mansamente pode obedecer, sem falar, sem questionar. O cacauicultor livremente enterrou seu lado político, matou seu discurso, dilapidou seu patrimônio ideológico, trocou sua condição de protagonista de suas vontades pelo papel de expectador. Falta de aviso não foi, eu avisei; eu falei em voz alta e clara. Ninguém quis ouvir, mas, a história é implacável e eu vi e vivi.
Era uma vez aquele dia 23 de março de 2018; naquela sexta-feira, junto com o filho de um legítimo coronel do cacau, o guerreiro Dorcas Guimarães do Espírito Santo, entramos no auditório Hélio Reis, no CEPEC, pontualmente às nove horas; fedia a enxofre e fumo barato. Estávamos representando o Instituto Pensar Cacau e ali começava a grande batalha, afinal, o dono das mulas receberia o acertado ou de alguma forma os cacauicultores conseguiriam não se entregar? Péssimo pressentimento eu tive quando vi o altar sagrado da cacauicultura profanado, aquela mesa diretora onde outrora foi honrada com a presença de gigantes defensores da civilização do cacau, estava ocupada pelos coveiros! E pelo dono das mulinhas… sim! a ONG ligada umbilicalmente as indústrias do cacau e chocolate, radiante de alegria, estava compondo a mesa e neste dia receberia parte do acertado; o nome da câmara setorial do cacau passaria (e passou) a: câmara setorial do cacau e sistemas florestais. Pronto o cacau como lavoura estava enterrado; condenaram ao extrativismo, nascido no ideário da cabruca. Interessantíssimo foi às atitudes do presidente da câmara, no afã de aprovar rapidamente, leu a proposta, botou em votação e deu o resultado, tudo em trinta segundos! Com intenção clara de trair o cacauicultor não consultou os presentes na assembleia, nem deu o direito de se manifestarem; ainda amargou um voto contrário dos presentes na mesa diretora (plenária, onde estavam os que tinham direito a voto). Mas, a vergonha está na ata, onde não consta o voto contrário, consta que “submetida à proposta ao plenário, esta resultou aprovada por todos.” Pronto! Neste dia e com este ato, o cacauicultor como ente político e definidor de suas querências e vontades estava por um fio; os entreguistas liderados pela FAEB eram muitos; o INSTITUTO PENSAR CACAU estava só. Menti! Estávamos com Deus e com a verdade.
Vi Altamirando de Carvalho Filho {in memoriam}, um dos fundadores do Conselho Consultivo dos Produtores de Cacau, sentar-se ao meu lado e segurar em minha mão; olhou em meus olhos e disse: “Meu Deus, onde estamos? Será que o cacauicultor perdeu a consciência? Será que algum vírus ‘ceplaqueano’ lhe contaminou o sangue? Não há outra explicação diante da posição assumida por ‘certos’ cacauicultores e muito especialmente os presidentes de Sindicatos Rurais”1 levantou-se e foi embora. Chamei o guerreiro Dorcas Guimarães, bastião do IPC, para tomarmos um suco de cacau; conversamos muito e acordamos: será a batalha das batalhas, o presente nada dirá nem será cobrado; o futuro julgará! O nome do ganhador aparecerá por osmose em tudo. O IPC nunca perderá a guerra, pode acontecer de perder batalhas; vamos em frente.
A história é cíclica, nunca mudou e nunca mudará o que muda é o modo. Assunta só; espia esse discurso de Luiz Viana Filho no senado “… que a CEPLAC deixou de merecer o apreço e o apoio dos sacrificados plantadores de cacau, inúmeros deles garroteados e ameaçados, e por isso mesmo impossibilitados de dizerem tudo o que sentem, o que sofrem e o que pensam sob o jugo de um órgão que acabou por se transformar no maior órgão de corrupção da Bahia, Falarei do que representou de positivo a criação da CEPLAC. Em matéria de corrupção, e quando falo em corrupção quero referir-me a um processo gradativo e contínuo de concessão e favores, de recursos, de subvenções a órgãos de classe para que se mantenham assim silenciosos e coniventes. Corrupção através de passagens e ajudas de custo para inúteis viagens ao estrangeiro. … Depois, veio a politicagem, através dos Sindicatos {Rurais. Sistema FAEB} adredemente fabricados, e que nada representam senão os interesses de uma pequena cúpula, bem cevada com o dinheiro arrancado dos que trabalham e produzem cacau”2. Eis a história, eis a guerra e eis o Instituto Pensar Cacau, sabendo de todas as dificuldades, de que seria censurado, garroteado, ameaçado, chamado à corrupção, xingado, tachado de radical… … e daí!! O que importa é ter lado e o IPC está ao lado do cacauicultor; nunca se rendeu e nunca aceitou nada.
O vencedor está estampado na foto de capa, é o dono das mulinhas. Não tem nenhuma instituição ligada aos cacauicultores, participando, influindo, dizendo, merecendo crédito nas diretrizes da política do cacau. Quem tomou essas atribuições e a CEPLAC aceitou foi a ONG parceira das indústrias, a WCF; o IPC avisou que isso aconteceria. O cacauicultor passou a ser expectador, todos perderam. Até a FAEB perdeu!
1- Jornal Tribuna do Cacau. Publicado no início dos anos 1980.
2- Biblioteca do Senado Federal.
Coronel Xela.
Respostas de 2
Recebi ! LI e lembrei q conheci L Viana de forma casual, foi um cavalheiro…
Parabéns Coronel Xela, a tinta da sua caneta sempre afinada. Roda mundo roda gigante, roda moinho roda pinhão, o tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração.