Caros leitores,
E se o Conselho Nacional dos Produtores de Cacau ainda existisse, o presente seria diferente? Não! Não seria. Todos nós perdemos foi uma guerra sem vencedores.
Há uma peculiaridade deixada pelo CNPC no cacauicultor, nascida em seu suntuoso auditório todo em jacarandá com cadeiras em couro verde e carpete alto o suficiente para pisar macio; seu garçom impecável na gravata borboleta e o cabelo na gomalina; o ar condicionado gelado; o cheiro de café misturado ao de chocolate quente; os paletós, as camisas de seda estampada e os sapatos de pelica; o deputado Jorge Vianna, onipresente, com tanta tinta no cabelo que dava para pintar de preto metade das ruas de Itabuna; o técnico de som era perfeito {Quem era? Alguém lembra.}; e mais que TUDO, a briga para usar o microfone no centro do corredor; eis a peculiaridade! E que peculiaridade!
Naquele 1983 quando conheci o plenário do Conselho Nacional dos Produtores de Cacau, fiquei encantado; ainda muito jovem e fervendo em querer conhecer, aprender, assisti a uma seção plenária; naquele momento me tornei só ouvidos e olhos enormes. Tuuuuuuudo era briga! Foi uma briga de dar calundu quando o presidente começou a formar a mesa, uma ciumeira da bexiga! Rapaz, maior até que ciúme de rapariga nova no trecho. O presidente fuxicava com o deputado Jorge Viana e chamava mais um… aí uns xingavam outros aplaudiam, uma balbúrdia. Entretanto a maior briga era pelas cadeiras no corredor próximas do pedestal; não era na frente não, na frente ficavam os conselheiros vitalícios, bem velhos já de bengala e sentavam na primeira fila. O pilunga quebrava era da terceira fila pra trás! Valia tudo e se levantasse perdia o lugar; também valia roubar o paletó; esconder o discurso do outro; falar dois ao mesmo tempo ao microfone; tomar o microfone do outro; tinha um moreno de cabelo todo branco que toda vez que falava no nome de Antônio Carlos Magalhães ele gritava um ÊPA e aplaudia; tive de rir! Outro, um rico fazendeiro, na ânsia do discurso, ao falar a palavra “exploração” deixou a dentadura cair; pois assunta não perdoaram, chutaram pra debaixo das cadeiras e enquanto ele procurava lhe tomaram o microfone. Todos queriam falar; todos tinham opinião; todos eram falantes; todos tinham direito a falar; todos sabiam da importância de expressar seu pensamento (que os rancorosos chamavam de achismo); E o que mais? Mais o mais importante! O presidente do CNPC, até então, sabia ouvir TODOS e conhecendo TODOS, sabendo que TODOS queriam o bem da cacauicultura conseguia controlar os ânimos. Ouvia e encaminhava as demandas. O verdadeiro líder não impõe, ouve e chama para sí a responsabilidade de dar prioridade a esta ou aquela demanda; e só!
Tendo como escola o CNPC, o cacauicultor acostumou-se a discursar, também apreciar ouvir; a costurar soluções; a respeitar os diferentes; principalmente, a combater os intolerantes! O debate duro, acalorado, cara a cara (como é no parlamento Inglês, onde os debatedores ficam frente a frente) exige preparo, a finalidade é derrubar o outro no golpe da palavra. Do presidente da seção plenária exige erudição, feeling e um bom balde de água fria; não é fácil. Deste caldo cultural e civilizatório arraigado no seio do cacauicultor, vem à expressiva e massiva participação da classe em tudo que é associação ou evento que surge; até em enquetes televisivas lá está à participação de alguém ligado ao cacau. É impressionante! Com tanto, mas entretanto, os intolerantes na esgueira desvirtuaram e calaram essa natural voz, e assim se lambuzam como o comandante do zepelim prateado lambuzou-se a noite inteira, com a maldita Geni… você dá pra qualquer um, bendita Geni!
Tendo o CNPC intencionalmente morto por uma diretoria incapaz, fraca e ilegalmente eleita, restou como representação exclusiva para o cacau, criada pela constituição de 1988 e consolidada em 2005, a câmara setorial do cacau ligada ao MAPA. Os cacauicultores ainda não encararam essa opção única como de fato uma política de representatividade; é ótimo que as novas associações atentem para este caminho e ocupem o espaço, pois hoje está ostensivamente ocupado por notórios e provados intolerantes! Diferente da cultura do antigo CNPC, a câmara no MAPA não preza pelo debate acalorado, nem tem o visgo do cacau no sangue; é algo amorfo. Prezam por coisas intangíveis e só compreensíveis quando olhadas com uma potente lente de aumento, não é à toa que nenhuma solução para a cacauicultura saiu dali até hoje. Ainda é preciso considerar que com o consentimento e incentivo do presidente da câmara (representante da FAEB), o jogo político foi completamente desbalanceado, dando vez para que a indústria moageira jogue com dois jogadores: primeiro com a AIPC (que é natural), segundo com a ONG cocoaction (que é um escândalo!). Este peso está tão desproporcional que até nos folhetos oficiais da CEPLAC e no desenvolvimento de pesquisas, o braço direito não mais é o fazendeiro produtor de cacau, mesmo que seja ajuntado em quaisquer associações; é uma ONG ligada à indústria. Eu avisei que isso aconteceria; dei ciência dentro da CEPLAC que a coisa pendia para um só lado! No passado isso já aconteceu… deixou marcas e eu contarei aqui tudo que aconteceu. Pode esperar!
Meus caros, não foi por culpa de falta de representatividade que tudo isso aconteceu, foi por safadeza. Assim como atualmente os Pachecos e Alcolumbres enterram o jogo ao custo do próprio ostracismo, o mesmo acontece com o presidente da câmara setorial do cacau que, talvez, devido a algum distúrbio psicológico, ou loucura mesmo, enterra o jogo; joga pro lado errado; censura a palavra de instituições; tolhe o direito de participar; tem só o objetivo de eternizar-se na luxúria; usa palavras com sentido distorcido como “harmonia nas discussões” … ahhh pôrra! Harmonia nas discussões é jogar para um lado só! Democracia é poder dizer pôrra na cara! E ninguém é menino pra não saber disso.
Coronel Xela.
Respostas de 5
Excelente matéria!!!
Parabéns Alex Terra..
Prezado ex companheiro do CNPC.
Quero parabeniza-lo por essa matéria, que com riqueza de detalhes, relatas a história da nossa Ex Entidade , que existiu na época em a atividade cacaueira tinha importância na Economia dos Estados Produtores e do País.
Grande Coronel Xela; você nos traz a reviver a história com conhecimento íntegro do que foi o nosso CNPC. Parabéns, e obrigado por essa fantástica leitura !!!
Olá “ Coronel Xela “
Parabéns. Gosto como escreve e nos lembra de fatos , situações que aconteceram e são e foram importantes para a Região Cacaueira Sul da Bahia . CNPC , como essa instituição foi importante para a região cacaueira , como era importante fazer parte dela , ego fortes e lutas por cargos . Eu como Eng. Civil e funcionário da Ceplac , foi responsável pela construção em sua etapa final . Prédio muito bonito para aquela época ainda chama atenção nos dias atuais , infelizmente tomada ( era patrimônio dos cacauicultores ) . A falta de um CNPC , deixou os cacauicultores sem uma representação forte , agora mesmo estamos em campanha ( ANCP ) contra importação de cacau africano comandados pelas moageiras sem o devido cuidado , sem aplicação de Brometo de Metila , evitar contaminação cacau ( vírus Fungos , insetos ) aqui em Ilhéus e que se espalhe .
Já dizia Olavo de Carvalho: o problema do Brasil foi a dormência dos militares, quando deixaram os cargos importantes das universidades nas mãos dos esquerdistas, em nome da “democracia” tão exigidas por eles, comunistas.
Tudo ficou mais fácil com a doutrinação ao modelo Gramsci!
Enquanto os cacauucultores, assim como todos os brasileiros conservadores, dormiam a esquerda, de há muito, trabalhava para assumir todos os poderes, como hoje vemos em todas as instâncias.
Enfim, os resultados da infiltração doutrinária esquerdistas, estão aí.
O cacau foi vítima também!
Agora é só um milagre…
Agora só um milagre!