Caros leitores,
Naquele início do ano de 1974, nas férias, chegamos à fazenda numa pick-up F 75 verde patropi [é um verdão tipo verde sumo; era bonita!]; tem uma fotografia registrando este momento: aparece em enquadramento aberto nós sentados numa lona no chão, o carro, parte da sede, o secador de cacau, e ao fundo uma terra queimada onde se nota um balizamento. O restante são 51 anos de história!
Rita Lee com a Banda Tutti Frutti lança o LP de rock “Atrás do Porto tem uma Cidade” naquele meio do ano de 1974, quando, pela primeira vez, vi toda aquela área queimada plantada com 4.500 cacaueiros, mais bananeiras e eritrinas; tudo feito como a CEPLAC recomendava; tudinho! Ali começava uma história cheia de gatos escondidos com rabo de fora, pois toda a quadra fora plantada com o cacaueiro “catongo”. Começa com Gilson que era o agrônomo da CEPLAC em Santa Luzia e grande (chegava a ser chato) incentivador do cacau catongo, pregava loas e boas, assim, por recomendação e incentivo dele, foi plantado. Era uma planta (essa quadra não existe mais, cortei tudo) cheia de problemas: não formava exigindo muitas podas; muito pouco produtiva; só dava um corte ao final da safra; produzia cabaças excessivamente grandes com a casca muito grossa, acarretando muitas queixas da parte dos quebradores que chegavam a inchar a munheca; tendia durante a secagem a fofar a amêndoa. Entretanto! Tinha uma peculiaridade só interessante e apreciada pela indústria, ele “amaciava” o gosto do Blend Bahia. Será que a indústria e a CEPLAC namoraram!?
Antônio Delfim Netto foi o “pai” do pró-cacau e quem através do decreto 73.960 de 18 de abril de 1974, assegura a autonomia administrativa e financeira da CEPLAC; mas quem assina é Mário Simonsen. Desta época começa a circular um interessantíssimo (e nada despretensioso) bilhetinho enviado aos cacauicultores. Notem: quando enviávamos amostras de cacau seco para classificação, junto com o relatório voltava uma recomendação para plantar híbridos de amendôas maiores, mais apropriadas para a indústria. Como assim!!! Coincidência ou não nesta época surgiu uma profusão de híbridos ruins, poucos produtivos… ou era uma missa encomendada sob medida para “amaciar” o gosto do Blend Bahia, mesmo impondo pesados prejuízos ao cacauicultor? A geração de cacaueiros híbridos anterior foi muito boa, produziu mais e melhor; de repente, neste meado dos anos 1970, são ofertadas plantas hibridas piores (em produtividade) que o cacau Parazinho.
Desta suruba dantesca da CEPLAC com a indústria, muitos anos mais tarde, nasce seu segundo filhote; e lindinho! Até o nome é fofinho e com as bênçãos dos deuses pagãos é batizado o cacau orgânico… êê lasqueira! Voou caco de xibiu com légua e meia. Hoje sabemos que tudo isso é coisa da demoníaca cultura woke, cujo objetivo é destruir a sociedade e seus valores; só! O pop star deste caldo cultural foi o “pesquisador” ceplaqueano Dan Lobão, doutor em “cacau cabruca”… que é uma lavoura impossível e economicamente inviável. Mas, com as bênçãos de muitos, o cacauicultor foi forçadamente empurrado para essa desgraça a ponto de, numa reunião no auditório do CEPEC, antes da pandemia, o representante do Banco do Brasil, afirmar que é impossível financiar a cacauicultura fora do conceito de cabruca, ou seja, como lavoura, pois não existem diretrizes, normas, estudo de viabilidade econômica, disponíveis e disponibilizados pela CEPLAC. Piorando as coisas, continuou o palestrante, também não existe uma legislação da cabruca coerente com a legislação ambiental federal, toda essa enrolação é baseada em normas e portarias baixada só por alguns órgãos ambientais. Para a indústria a materialidade deste desejo canalha apareceu estampada num enorme letreiro, no depósito da Barry Callebaut em Camacan; chega a destoar, acima de não mais que uns dez sacos de cacau estava escrito um vistoso “cacau orgânico”. Pagaram um tiquinho a mais; enrolaram um bocado de gente; fizeram alguns gastarem muito para se adequar; ao fim disseram que o tal e qual era inviável por ser caro! Outro filhote nascido deste surubão está bem documentado e testemunhado por uma assembléia. Por imposição da indústria, com a alegre benção da CEPLAC, aproveitando a incompetência do presidente da câmara setorial do cacau, aprovou a ilegal (a assembleia não tem poder para isso, a câmara é criação da constituinte) mudança de nome para câmara setorial do cacau e sistemas florestais… que tal!? Bem, está aí claríssimo o viés ideológico. Finalmente materializaram a dobradinha. Finalmente o cacauicultor está fora do jogo, e estando fora do jogo, finalmente a indústria pôde pisar no pescoço da CEPLAC.
Antonce o dia 26 de março de 2025, dia do cacau, passou com o maior centro de pesquisa em cacau do mundo mudinho e caladinho; nem um bolinho, nem uma velinha; quiçá uma pesquisazinha; velhos nem um escritozinho, uma notinha de rodapé; nadinha. Foram lá pra São Paulo para um rega bofe típico e ao gosto da ONG que agora manda no pedaço, ao cacauicultor baiano nem as migalhas caídas no chão mais lhe são dignas; viramos cães leprosos. Meus caros, o problema é que estes cães estão vivos, e das cinzas reconstruirão tudo! Para a CEPLAC, na qualidade de ser o último Coronel vivo, eu assino seu atestado de óbito: a instituição morreu de vergonha de si mesmo.
Coronel Xela.
Respostas de 3
GOSTEI…aplaudo em pé…verdades expostas e dói no peito ver arrogância e desprezo c o CACAU!
Até hoje vejo na roça,uns desses híbridos retardados da ceplac (letras miúdas,para combinar).
Meu sogro afundou nessa onda e eu até hoje tento fugir dessa maré.
A ceplac tem mãe?
Gostaria de conhecer a progenitora,mais precisamente dos técnicos que adentravam as fazendas com essas conversas.
E especial atenção à progenitora dos que importaram a vasoura de bruxa .
PARABÉNS pela veracidade dos assuntos relatados e me associo em assinar o ATESTADO DE ÓB7ITO.